Procurador-geral afirma que Bolsonaro pode decidir sobre isolamento social
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Procurador-geral afirma que Bolsonaro pode decidir sobre isolamento social

Parecer da PGR deve ser encaminhado nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal

13/04/2020 10:01

O procurador-geral da República, Augusto Aras, declarou que o presidente Jair Bolsonaro tem o direito de decidir sobre o "momento oportuno" para maior ou menos distanciamento social no enfrentamento do coronavírus.

A afirmação está em um parecer, publicado no Estado de S. Paulo, onde Aras ressalta que, como o mundo passa por uma "crise sem precedentes", repleta e "incertezas", não é possível avaliar hoje, com precisão, se a estratégia de limitar a circulação de pessoas tem eficácia para impedir o avanço da covid-19.

"As incertezas que cercam o enfrentamento, por todos os países, da epidemia de covid-19 não permitem um juízo seguro quanto ao acerto ou desacerto de maior ou menor medida de isolamento social, certo que dependem de diversos cenários não só faticamente instáveis, mas geograficamente distintos, tendo em conta a dimensão continental do Brasil", escreveu Aras.

Para o procurador-geral da República, cabe ao Executivo definir qual o grau mais adequado de isolamento social, levando em conta tanto o sistema de saúde quanto a economia.

O parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) deve ser encaminhado hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte vem dando sinais, porém, de que não vai dar aval a medidas que contrariem recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que defende limitar a circulação de pessoas para impedir a propagação do vírus.

No mês passado, o ministro Luís Roberto Barroso proibiu que o governo federal veicule qualquer campanha na linha "O Brasil não pode parar" que sugira que a população retorne ao trabalho.

A posição de Aras, no entanto, colide frontalmente com o entendimento de Barroso. Para o ministro do Supremo, o distanciamento social não é uma decisão política do presidente da República, mas, sim, uma "questão técnica", que se impõe para garantir o bem-estar da população - uma opinião que também vem sendo defendida pela maioria dos governadores.

Enquanto Barroso "fecha a porta" para qualquer medida do Palácio do Planalto que possa colocar em risco o isolamento, Aras deixa a possibilidade aberta para o presidente, sob a alegação de que o cenário é instável e cabe a Bolsonaro avaliar as medidas realmente necessárias, considerando orientações técnicas e científicas de sua equipe.

"As decisões dos órgãos de governo sobre um maior ou menor isolamento social como ferramenta de enfrentamento da epidemia de covid-19 levam em consideração os avanços científicos, cujos esforços têm trazido a cada dia dados novos a serem considerados, e dependem de cenários fáticos que estão em constante mutação", destacou o procurador.

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