Polícia apura morte de dois motoristas de aplicativos na Capital em uma semana
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Polícia apura morte de dois motoristas de aplicativos na Capital em uma semana

Reportagem revela que em menos de dois anos, 20 motoristas foram assassinados na RMF

Os motoristas são alvos de constantes assaltos e muitos acabam sendo assassinados

28/05/2019 11:09

O assassinato de dois motoristas de aplicativos em Fortaleza, no intervalo de apenas uma semana,  expõe o perigo que esses profissionais correm nas ruas da Capital e da Região Metropolitana. Os dois homens foram mortos a tiros nos bairros Aracapé e Vicente Pinzón e, até o momento, nenhum suspeito foi identificado ou preso. Entre 2017 e 2019, ao menos, 20 motoristas foram assassinados no Ceará.

O primeiro crime ocorreu na tarde do último dia 17, quando o jovem Allyson Noronha Queiroz, 24 anos, foi chamado para uma corrida na Avenida C, Quadra Um, do Aracapé. Ao chegar ao local indicado, ele sofreu uma emboscada. Um carro bateu na traseira do veículo de Allyson e, logo em seguida, surgiram dois homens que o executaram sumariamente.

Segundo a Perícia Forense, o motorista foi atingido por, pelo menos, 10 tiros de pistola e morreu ainda na direção do seu automóvel. Nada dele foi roubado, o que levou a Polícia a afastar a hipótese de um caso de assalto, fato reforçado pela grande quantidade de tiros disparados pelos criminosos.

Outro

Já na noite do último sábado (24), outro motorista de aplicativo foi morto quando parou em um bar para jantar. O crime aconteceu por volta de 20 horas, em um estabelecimento comercial localizado na Rua Clóvis Maia, no bairro Vicente Pinzón, na zona Leste da Capital.

Nilton Castilho de Oliveira tinha 55 anos e costumava ir ao local saborear um dos principais pratos da casa, a panelada. E foi no momento em que ele jantava que apareceram os criminosos: dois homens em uma motocicleta.

Os assassinos invadiram o bar e ordenaram que todas as pessoas saíssem dali, menos o motorista. Castilho foi assassinado com vários tiros à queima-roupa pelos desconhecidos, que, em seguida, fugiram na motocicleta.

Entre 2017 e 2019, nada menos que 20 motoristas de aplicativos foram mortos na GrandeFortaleza, veja alguns dos casos:

Crimes em 2017

Um dos primeiros crimes contra motoristas de aplicativos em Fortaleza aconteceu ainda em 2017. No dia 23 de julho daquele ano, o jovem universitário Guilherme e Silva Maia, 22 anos, que fazia “bico” de motorista de aplicativo, foi morto no bairro Ancuri. O carro que ele guiava acabou sendo metralhado por bandidos simplesmente porque o rapaz não percebeu a “ordem” para baixar os vidros ao passar pelo bairro, área dominada por uma facção.

No dia 12 de setembro, ainda de 2017, o motorista Marlon John  Barbosa, 35, foi assassinado, a tiros, dentro de seu carro, no Distrito de Pajuçara, em Maracanaú.  Ele havia sido chamado através do aplicativo para deixar uma passageira na Rua São Jerônimo e ao chegar ao destino foi surpreendido e morto com nove tiros de pistola de calibre Ponto 40 (.40). A passageira saiu ilesa.

Na tarde de 17 de outubro, a vítima foi o motorista Matheus Vieira Paulino, 23 anos. Após deixar um passageiro no bairro Couto Fernandes, ele voltava em direção à Avenida José Bastos, mas ao passar pela Favela do triângulo, não observou a ordem dos bandidos para baixar o vidro e foi morto a tiros.

Na noite do dia 12 de dezembro, outro jovem que trabalhava em corridas de aplicativo foi executado com cerca de 20 tiros. Francisco Nemésio Rodrigues Filho, 21 anos, morreu baleado quando parou em um sinal na Avenida Bernardo Manoel, no bairro Serrinha. O passageiro que era transportado no carro foi também baleado, mas resistiu.

Crimes em 2018

Começo da madrugada do dia 27 de janeiro, o motorista da Uber, Natanael Abreu da Silva, 25 anos, foi chamado para ir deixar um passageiro em uma festa que acontecia em uma casa de shows denominada “Forró do Gago”, localizada na Rua Madre Teresa de Calcutá, no bairro Cajazeiras. No momento em que o passageiro desembarcava do veículo, surgiram vários bandidos armados que acabaram praticando a maior chacina já registrada no Ceará. Ao todo, 14 pessoas foram assassinadas por ordem de uma facção. Natanael, que nada tinha a ver com o caso, foi baleado ainda dentro do carro e morreu ali mesmo.

Era o dia 2 de maio,  quando, por volta de 17h50, o motorista de aplicativo e humorista Francisco Fonseca Neto, 52 anos, o conhecido “Fonsequinha”, que atuou por muito tempo na TV, apanhou um passageiro no bairro Planalto Ayrton Senna, na zona Sul de Fortaleza. Iria levar Robson Borges da Silva Filho, 23, em Maracanaú. No trajeto, o carro foi parado por bandidos na Rua Planaltina. O automóvel foi fuzilado e os dois ocupantes morreram na hora.

Na noite de 25 de julho, o jovem Ericson Tavares de Sousa, 23 anos, foi atacado por bandidos quando fazia uma corrida através do Uber. Segundo a Polícia, o rapaz era atleta e havia prestado serviço militar pouco tempo antes na Base Aérea de Fortaleza. Os criminosos descobriram que ele usava objetos que identificavam o ex-militar e decidiram matá-lo.  O rapaz foi morto a tiros e teve seu corpo jogado na Avenida Leste-Oeste, no bairro Pirambu.  De lá, os assassinos ainda arrastaram o corpo até a praia e jogaram no mar.  Dias depois, o corpo foi encontrado boiando na praia, na Vila do Mar.

Na noite do último dia  4 de agosto, o corpo do motorista de aplicativo Ricardo Campina Barbosa foi encontrado dentro de uma casa abandonada, no bairro Papicu, na zona Leste da Capital. Segundo a Polícia, ele foi morto com vários golpes de faca e o cadáver ocultado debaixo de uma cama. Dias depois, o caso foi esclarecido com a prisão de três suspeitos. O crime teria sido motivado pelo fato do motorista fazer corridas e cobranças para um  traficante de drogas.

No dia 8 de agosto, o motorista Antônio Joaci Freitas Filho, 24 anos, que trabalhava à serviço do aplicativo Pop99, foi assassinado, a tiros, ao deixar um passageiro no bairro Cristo Redentor. Ele teria sido abordado por um passageiro que desembarcou na Rua Dona Medinha. Houve uma discussão seguida de luta corporal. Na confusão, apareceram outros homens que mataram o motorista com cerca de 20 tiros, segundo atestou a Polícia.

No dia 23 de agosto, a vítima da violência foi o motorista de aplicativo e também professor de artes marciais Paulo Roberto Rodrigues de Moura, 34. O carro em que ele trabalhava foi metralhado na Rua Peru, no bairro Itaperi.  Paulo Moura, como era conhecido, morreu na direção do automóvel.

Na noite de 5 de setembro também do ano passado, a vítima foi o motorista de aplicativo Francisco Carlos Ferreira de Sousa, 20 anos, que acabou morto durante um assalto.  O crime ocorreu na Vila Manoel Sátiro, no momento em que Carlos fazia uma corrida e sofreu o ataque de assaltantes. Um tiro foi disparado em sua cabeça por um dos falsos passageiros.

Na manhã de 19 de setembro, um motorista de aplicativo foi morto, a tiros, após uma discussão de trânsito com um casal que trafegava em uma motocicleta pela Avenida Leste-Oeste, no bairro Pirambu, na zona Oeste de Fortaleza. Após um bate-boca decorrente de uma pequena batida do carro com a moto, o motorista Valter Gomes de Azevedo, 39, foi perseguido e morto a tiros na Avenida Philomeno Gomes, no cruzamento com a linha férrea, a poucos metros da Escola de Aprendizes Marinheiro do Ceará (EAM-CE).

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