Eunício vence Renan; colunista explica o desespero do senador alagoano com Temer
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Eunício vence Renan; colunista explica o desespero do senador alagoano com Temer

02/04/2017 20:55

A colunista do G1, Cristiana Lôbo, escreveu artigo para explicar porque o senador alagoano Renan Calheiros (PMDB-AL) está em pé de guerra com o Planalto, e as conquistas do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), à frente do cargo. Leia o texto na íntegra Eunício vencer Renan Na semana em que Renan Calheiros fez questão de mostrar sua discordância com propostas do governo, como a Reforma da Previdência e o projeto de Terceirização, o presidente Michel Temer nomeou Leonardo Cavalcanti Carvalho para a vaga de desembargador do Tribunal da 5a. Região em Recife. Ele é afilhado político de Eunício Oliveira, presidente do Senado, e venceu a disputa com Luciano Guimarães, o preferido de Renan Calheiros e Silvana Barreto, que tinha as bênçãos da bancada de Pernambuco e do presidente do STJ, Joaquim Falcão. Este não é o primeiro desagrado de Renan Calheiros com o governo. E, uma das tarefas dos ministros com gabinete no Palácio do Planalto é tentar identificar a razão deste comportamento do atual líder do PMDB no Senado. Na última semana, Renan reuniu a bancada do PMDB e conseguiu extrair uma nota contra o projeto de terceirização aprovado pela Câmara que foi, na sexta-feira, sancionado por Temer. Na semana passada, os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco fizeram duas reuniões com Renan para tentar entender suas queixas. Eles não conseguiram identificar uma razão. Mas várias. No projeto de recuperação fiscal dos Estados, que poderá ser votado semana que vem, Renan quer alterações que possam beneficiar Alagoas, Estado governado por seu filho, Renan Filho. Uma das medidas seria incluir artigo reabrindo a renegociação com a União de Estados que tiveram sua empresa de energia elétrica federalizada há alguns anos. Estas empresas perderam valor no mercado e isso atrapalhou as negociações destes Estados com a União. Agora, estes Estados, entre eles Alagoas, Acre, Roraima e Piaui, querem incluir no projeto a obrigatoriedade de retomada destas conversas entre União e Estados sobre o valor destas empresas. Outra medida que interessa a Alagoas é ampliar a possibilidade de Estados aderirem ao programa de recuperação fiscal. Pela proposta do governo, a renegociação tem três pré-requisitos que vão desde a proporção da dívida à receita ao Estado; gasto com servidor público e saldo para investimento, descontados o pagamento da dívida e o salário dos servidores. Alagoas tem situação intermediária e não se enquadraria neste critério. Alagoas e outros Estados querem afrouxar estes critérios para aderir ao programa, depois de aprovado o projeto na Câmara. Há, ainda, os que identificam em Renan a retomada de um discurso mais parecido com o do PT de Lula. Ele tem ficado contra as propostas do governo Temer que são frontalmente opostas ao discurso de Lula. Políticos de Estados do Nordeste identificam o crescimento da presença de Lula junto ao eleitorado. Por fim, políticos do PMDB revelam, ainda, a preocupação de Renan com as eleições do ano que vem. Pela legislação eleitoral, como é parente do governador, ele só pode disputar o mesmo cargo que ocupa hoje, portanto, o de senador, que é uma eleição majoritária e mais difícil, sobretudo em eleições para a escolha de dois senadores. O que pode parecer paradoxal, o fato de ter duas vagas em disputa, torna a eleição mais concorrida por ser difícil identificar em pesquisas o destino do segundo voto. A reeleição é considerada fundamental para Renan. Ele responde a mais de uma dezena de processos no Supremo Tribunal Federal e, sem prerrogativa de foro, muitos destes iriam parar nas mãos de Sérgio Moro. Está provado que os processos andam muito mais rápido na primeira instância do que no STF.

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