Delação revela que Odebrecht usava Itaipava em doações irregulares e complica Cid

Galpão de Cid em Sobral alugado à Itaipava

13/04/17 10:30

Enquanto torce para que seu nome não esteja entre os pedidos de abertura de inquérito enviados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ex-governador Cid Gomes (PDT) vê o cerco se fechando cada vez mais em torno do seu escuso vínculo com a Cervejaria Petrópolis. Em depoimento, dois ex-executivos da Odebrecht revelaram um acerto que complica o cearense: a construtora fazia depósitos em dólares para a cervejaria no exterior, que retribuía, por sua vez, com o equivalente em reais no Brasil.

O acerto visava a dificultar o rastreio das doações irregulares da Odebrecht a políticos. Segundo as delações, a Cervejaria Petrópolis, que produz a Itaipava, disponibilizou cerca de R$ 120 milhões para que a Odebrecht distribuísse entre políticos nas eleições de 2008, 2010, 2012 e 2014.

Itaipava e Cid Gomes

Em janeiro deste ano, A Justiça Federal no Ceará aceitou a denúncia contra Cid por improbidade administrativa. Então governador, em 2014, Cid usou o cargo para se beneficiar em empréstimo no Banco do Nordeste e usou o dinheiro para construir um galpão em Sobral, hoje alugado à Cervejaria Petrópolis. O pedetista ainda usou verba pública para construção de uma estrada que dá acesso ao imóvel.

Cid aparece na lista da propina da Odebrecht ao lado da soma de R$ 200 mil, sob o codinome “O Falso”, e pode ter seu nome entre os ex-governadores delatados pela empreiteira. Na terça-feira (11), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), removeu o sigilo de 108 pedidos de abertura de inquérito de enviados pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, à Corte. No entanto, como Cid não tem direito a foro privilegiado, seu nome pode constar entre os dos ex-governadores enviados a outras instâncias.

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