Violência já deixou 11 motoristas de aplicativos mortos nas ruas de Fortaleza

Crimes em sequência deixam a categoria amedrontada na hora de atender clientes

Os assassinatos acontecem, em geral, nos bairros dominados pelas facções

12/09/18 12:24

Sete motoristas de veículos à serviço de aplicativos para corridas foram assassinados neste ano nas ruas de Fortaleza. No ano passado, outros quatro guiadores também foram executados. O medo de trafegar em locais dominados por facções criminosas e territórios do tráfico de drogas já domina a categoria. O mais recente crime ocorreu há apenas dois dias, quando um guiador foi morto, a tiros, no bairro Vila Manuel Sátiro, na zona Sul da Capital.

Segundo apurou a Polícia nas primeiras investigações, Francisco Carlos Ferreira de Souza, 30 anos, apanhou um passageiro e o levou até a Rua Dom Henrique, onde, supostamente, seria o local de desembarque. No entanto, ao chegar ali, o homem que havia pedido a corrida, sacou de uma arma e matou Francisco com mais de 10 tiros de pistola.  O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

As mortes de motoristas de aplicativos na Grande Fortaleza, se  sucedem desde o ano passado, quando os carros passaram a circular nas ruas da Capital e da Região Metropolitana de Fortaleza com maios intensidade.

Um dos primeiros crimes aconteceu no dia 23 de julho, quando o jovem universitário Guilherme e Silva Maia, 22 anos, que fazia “bico” de motorista de aplicativo, foi morto no bairro Ancuri. O carro que ele guiava acabou sendo metralhado por bandidos simplesmente porque o rapaz não percebeu a “ordem” para baixar os vidros ao passar pelo bairro, área dominada por uma facção.

No dia 12 de setembro, ainda de 2017, o motorista Marlon John  Barbosa, 35, foi assassinado, a tiros, dentro de seu carro, no Distrito de Pajuçara, em Maracanaú.  Ele havia sido chamado através do aplicativo para deixar uma passageira na Rua São Jerônimo e ao chegar ao destino foi surpreendido e morto com nove tiros de pistola de calibre Ponto 40 (.40). A passageira saiu ilesa.

Na tarde de 17 de outubro, a vítima foi o motorista Matheus Vieira Paulino, 23 anos. Após deixar um passageiro no bairro Couto Fernandes, ele voltava em direção à Avenida José Bastos, mas ao passar pela Favela do triângulo, não observou a ordem dos bandidos para baixar o vidro e foi morto a tiros.

Na noite do dia 12 de dezembro, outro jovem que trabalhava em corridas de aplicativo foi executado com cerca de 20 tiros. Francisco Nemésio Rodrigues Filho, 21 anos, morreu baleado quando parou em um sinal na Avenida Bernardo Manoel, no bairro Serrinha. O passageiro que era transportado no carro foi também baleado, mas resistiu.

Sequência

Começo da madrugada do dia 27 de janeiro, o motorista da Uber Natanael Abreu da Silva, 25 anos, foi chamado para ir deixar um passageiro em uma festa que acontecia em uma casa de shows denominada “Forró do Gago”, localizada na Rua Madre Teresa de Calcutá, no bairro Cajazeiras. No momento em que o passageiro desembarcava do veículo, surgiram vários bandidos armados que acabaram praticando a maior chacina já registrada no Ceará. Ao todo, 14 pessoas foram assassinadas por ordem de uma facção. Natanael, que nada tinha a ver com o caso, foi baleado ainda dentro do carro e morreu ali mesmo.

Era o dia 2 de maio deste ano quando, por volta de 17h50, o motorista de aplicativo e humorista Francisco Fonseca Neto, 52 anos, o conhecido “Fonsequinha”, que atuou por muito tempo na TV, apanhou um passageiro no bairro Planalto Ayrton Senna, na zona Sul de Fortaleza. Iria levar Robson Borges da Silva Filho, 23, em Maracanaú. No trajeto, o carro foi parado por bandidos na Rua Planaltina. O automóvel foi fuzilado e os dois ocupantes morreram na hora.

Na noite de 25 de julho, o jovem Ericson Tavares de Sousa, 23 anos, foi atacado por bandidos quando fazia uma corrida através do Uber. Segundo a Polícia, o rapaz era atleta e havia prestado serviço militar pouco tempo antes na Base Aérea de Fortaleza. Os criminosos descobriram que ele usava objetos que identificavam o ex-militar e decidiram matá-lo.  O rapaz foi morto a tiros e teve seu corpo jogado na Avenida Leste-Oeste, no bairro Pirambu.  De lá, os assassinos ainda arrastaram o corpo até a praia e jogaram no mar.  Dias depois, o corpo foi encontrado boiando na praia, na Vila do Mar.

Na noite do último dia  4 de agosto, o corpo do motorista de aplicativo Ricardo Campina Barbosa foi encontrado dentro de uma casa abandonada, no bairro Papicu, na zona Leste da Capital. Segundo a Polícia, ele foi morto com vários golpes de faca e o cadáver ocultado debaixo de uma cama. Dias depois, o caso foi esclarecido com a prisão de três suspeitos. O crime teria sido motivado pelo fato do motorista fazer corridas e cobranças para um  traficante de drogas.

No dia 8, o motorista Antônio Joaci Freitas Filho, 24 anos, que trabalhava à serviço do aplicativo Pop99, foi assassinado, a tiros, ao deixar um passageiro no bairro Cristo Redentor. Ele teria sido abordado por um passageiro que desembarcou na Rua Dona Medinha. HOube uma discussão seguida de luta corporal. Na confusão, apareceram outros homens que mataram o motorista com cerca de 20 tiros, segundo atestou a Polícia.

No dia 23 de agosto, a vítima da violência foi o motorista de aplicativo e também professor de artes marciais Paulo Roberto Rodrigues de Moura, 34. O carro em que ele trabalhava foi metralhado na Rua Peru, no bairro Itaperi.  Paulo Moura, como era conhecido, morreu na direção do automóvel.

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