Traficante solto no esquema de propina no TJCE é condenado em Pernambuco por tráfico

O traficante de drogas se passava por empresário da construção civil no Ceará. Em 2013 ele causou um grave acidente que matou uma jovem grávida em Fortaleza, mas foi solto através de habeas corpus mesmo usando nome falso

09/01/18 11:29

A Justiça Federal em Pernambuco condenou a 55 anos e dois meses de prisão o traficante de drogas Enoque Antônio, que se passava por empresário no Ceará usando nome falso. Ele foi preso pela PF durante a  “Operação Construtor”. Enoque seria um dos supostos beneficiados com o esquema de venda de sentença no Tribunal de Justiça do Ceará, pois recebeu um alvará de soltura do desembargador Francisco Pedrosa, investigado na operação “Expresso 150”. Em 2013 ele causou um acidente em Fortaleza, matando uma jovem grávida e logo foi solto através de um habeas corpus obtido no TJCE.

A condenação do acusado de tráfico internacional de drogas aconteceu no mês passado. No dia 19 de dezembro, o juiz federal César Arthur Cavalcanti de Carvalho, titular da 12ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco assinou a sentença.

Enoque Antônio Rodrigues foi preso em Fortaleza durante a “Operação Construtor”, desencadeada em Pernambuco. Na Capital cearense ele se passava por empresário do ramo da construção civil.  Uma investigação da PF desencadeada em 2014 desarticulou o esquema de tráfico internacional de drogas.  O acusado gozava uma vida de rico em Fortaleza e acabou se envolvendo em um trágico acidente que matou uma jovem grávida de 8 meses.

Morte trágica e liberdade

O caso ocorreu em 14 de dezembro de 2013, no bairro Curió, em Fortaleza quando, comprovadamente embriagado e dirigindo um veículo importado em alta velocidade, Enoque – que usava o nome falso de Marcelo Alencar Leite de Souza –  causou o acidente, deixando morta a jovem Camila Lopes Simão, 29 anos. Na ocasião, o falso empresário dirigia um veículo Audi e colidiu com o automóvel da vítima. A batida foi tão forte que o motor do carro de Camila explodiu e pegou fogo. Ela morreu carbonizada.

Mesmo preso em flagrante após o desastre, dias depois o traficante foi solto por meio de um habeas corpus assinado pelo desembargador Francisco Pedrosa, então integrante da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará. No entanto, a concessão do habeas corpus ao falso empresário faz parte da investigação oriunda da operação “Expresso 150”, que apontou Francisco Pedrosa como um dos desembargadores envolvido na venda de sentenças e liminares nos plantões do TJCE.

Solto pela Justiça do Ceará mesmo tendo praticado um crime de morte, Enoque agora deverá ir para a cadeia graças a condenação recebida pela Justiça Federal em Pernambuco. Ele  foi sentenciado pelos crimes de  associação para o tráfico, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

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