Nove PMs continuarão afastados das ruas e serão julgados pela “Chacina do Curió”
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Nove PMs continuarão afastados das ruas e serão julgados pela “Chacina do Curió”

Militares são acusados de matar 11 pessoas em vingança pelo assassinato de um colega

Na madrugada de 12 de novembro de 2015, 11 pessoas foram mortas no Curió

12/04/2019 12:58

O Diário Oficial do Estado do Ceará publicou em sua edição desta quinta-feira (11), o afastamento das funções de atividades de rua de nove policiais militares que estão sendo processados como envolvidos na “Chacina do Curió”, crime que deixou 11 mortos entre a noite de 11 e a madrugada de 12 de novembro de 2015. Por decisão da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD), os PMs se limitarão a exercer trabalho dentro dos quartéis e  estão proibidos de usar armas de fogo. Todos já foram pronunciados pela Justiça e, portanto, serão levados a julgamento. Os militares afastados das funções policiais, de acordo com a decisão da CGD publicada pelo Diário oficial são: Gerson Vitoriano Carvalho (soldado), Josiel Silveira Gomes (soldado), Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes (soldado), Maria Bárbara Moreira (sargento), Francisco Helder de Sousa Filho (sargento), Igor Bethoven Sousa Oliveira (soldado), Gildácio Alves da Silva (cabo), Daniel Fernandes da Silva (cabo) e Luís Fernando de Freitas Barroso (soldado). De acordo com o documento, os nove PMs teriam tido envolvimento na chacina , conforme foi apurado pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria, ratificado em denúncia do Ministério Público e confirmado através da sentença de pronúncia elaborada pelo juiz da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, que levará os militares ao banco dos réus em julgamento com data ainda a ser marcada pela Justiça. Omissão De acordo com a sentença de pronúncia (que determina o julgamento dos réus),  os policiais militares Josiel Silveira Gomes, Gerson Vitoriano Carvalho e  Tiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes deixaram propositadamente de socorrer cinco das 11 pessoas baleadas durante a chacina e estas acabaram morrendo. Os PMs estavam de serviço numa patrulha  e, por volta de 0h52 do dia 12, passaram pela Rua Lucimar de Oliveira, no bairro Curió, quando se  depararam com cinco pessoas baleadas no chão. As vitimas foram identificadas como Antônio Álisson Inácio Cardoso, Jardel Lima dos Santos, Pedro Alcântara Barroso do Nascimento Filho, Alef Souza Cavalcante e Cícero de Paulo Teixeira Filho, que acabaram morrendo. Além de não parar para socorrer os feridos, os PMs não realizaram as diligências necessárias para interceptar um veículo Golf, cinza, onde estariam os atiradores. “Existe vínculo subjetivo entre os policiais e os atiradores, mediante omissão dolosa para facilitar o cometimento dos crimes”, afirma a pronúncia. Já os militares Luís Fernando de Freitas, Gildácio Alves da Silva e Daniel Fernandes da Silva são acusados, de acordo com a pronúncia, de  terem escoltado um comboio de veículos onde estavam os assassinos. Os militares ocupavam a viatura RD-1301 (do Ronda do Quarteirão) e estavam à frente de uma fila de veículos  particulares (entre eles uma Hilux de cor escura). Era por volta de 23h56 do dia 11, quando o comboio “puxado” pela viatura policial seguiu até as ruas Aurino Colares e Paulo Freire. No local,  atiradores mataram quatro adolescentes e deixaram outro baleado. Torturas Em relação aos policiais militares Maria Bárbara Moreira, Francisco Helder de Sousa Filho e Igor Bethoven Sousa Oliveira, integrantes de uma equipe de Inteligência, estes teriam, conforme a pronúncia, torturado física e psicologicamente as pessoas de Camila Silva Chagas, João Batista Macedo Vieira Filho e Vitor Assunção Costa para que estas  lhes fornecessem informações  acerca de quem teria assassinado o soldado PM Serpa naquela noite, fato que teria causado a chacina no Curió. Segundo a investigação, os PMs usaram de “castigo pessoal” contra as vítimas, causando-lhes lesões corporais de natureza grave para que apontassem o matador do soldado Serpa.

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