No episódio do afastamento de Aécio Neves, Eunício ganha, e Cármen perde
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e a presidente do STF, Cármen Lúcia
04/10/17 11:33
O jornalista Fernando Rodrigues, do portal Poder 360, de Brasília, fez uma análise do papel do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, no episódio recente do afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Confira o texto na íntegra
Eunício ganha. Cármen perde
É na crise que os políticos e as instituições crescem.
Neste episódio do afastamento do Senador Aécio Neves do mandato de Senador, dois atores foram fundamentais: os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e do STF, Cármen Lúcia.
Os dois conversaram inúmeras vezes, mas só o Senador conseguiu demonstrar liderança de fato.
Liderança frágil
Cármen Lúcia não conseguiu sequer um gesto de boa vontade do STF em relação ao Senado.
Do ponto de vista formal, a Magistrada fez tudo corretamente. O pedido de liminar de Aécio Neves caiu para o ministro Edson Fachin, que negou o recurso. Ocorre que nessas horas prender-se só a formalidades reduz aquele que precisa liderar.
Quantas vezes a presidente do STF reuniu seus pares para conversas informais, coletivas, para discutir a conjuntura?
Este seria um desses momentos. Mas não foi o que se passou.
Um Senador em ascensão
Mesmo com o gesto inexistente do STF, o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira, esforçou-se para obter maioria no plenário da Casa e esfriar o ambiente.
Os senadores, veja só, é que foram os magnânimos e decidiram aguardar até que os magistrados do Supremo decidam sobre como devem ser as regras constitucionais para afastar um congressista do mandato.
Supremo em transe
Dizer que o STF fez o que pôde e se apressou para julgar esse tema no dia 11 de outubro soa patético… O processo está dormindo nos escaninhos da Corte desde 2016.
Por que não houve liderança ali dentro para julgar ação tão relevante com mais presteza?
Por uma simples razão: porque o Supremo descolou-se da realidade do país, ao contrário do que pode parecer quando três ministros decidiram afastar um Senador, dizendo que estavam dando uma resposta à sociedade. Fora da Constituição não há saída. Mas o país tem pressa e o Supremo tem enorme dificuldade para entender isso.