Em meio a uma crescente tensão entre o Executivo e o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa da decisão do governo de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) após o Legislativo derrubar o decreto que aumentava a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

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Durante entrevista concedida nesta quarta-feira (2), em Salvador, à TV Bahia, Lula criticou a postura do Congresso Nacional e afirmou que a derrubada do decreto representa uma violação à separação de Poderes. “Se eu não for à Suprema Corte, eu não governo mais o país. Esse é o problema. Cada macaco no seu galho. Eles legislam, e eu governo”, declarou o presidente.

A medida do governo federal visa aumentar a arrecadação com base no princípio da justiça tributária, elevando a taxação sobre os mais ricos para beneficiar a população de baixa renda. No entanto, o Congresso rejeitou o aumento do imposto e reagiu com críticas, alegando que não aceitará novas elevações na carga tributária sem que o governo reveja os gastos públicos.

Na terça-feira (1º), o advogado-geral da União, Jorge Messias, anunciou oficialmente que a União levará a questão ao STF. Segundo ele, a decisão do Congresso extrapolou suas atribuições e feriu o equilíbrio entre os Poderes da República.

Durante a entrevista, Lula também revelou bastidores de um acordo que teria sido firmado entre integrantes do governo e parlamentares na casa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para viabilizar o decreto. “Festejaram o acordo num domingo. Eu estava em Nice, na França, liguei para a Gretchen Hoff, que estava maravilhada com a reunião. Nunca vi tanto abraço, tanto carinho, tanta concordância”, afirmou. No entanto, segundo o presidente, o compromisso foi desfeito dois dias depois, quando o Congresso derrubou o decreto.

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Apesar da crise política instalada, Lula negou qualquer rompimento com o Legislativo: “O presidente da República não rompe com o Congresso”, reforçou.