Inventar de novo o amor
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Inventar de novo o amor

27/04/2018 7:36

Estou numa fase bossa nova. Volta e meia ela reaparece. Quando acontece, emperro na rua Nascimento Silva, 107. Fico observando a Elizete aprendendo as canções do "Canção do Amor Demais". Espero ansiosamente o final, quando Vinicius fala a Tom que é preciso acabar com a tristeza e inventar de novo o amor. Talvez esse seja o melhor conselho que um amigo dê a outro. Ele é amplo, porque existem inúmeras formas de desenvolvê-lo. Por exemplo, escutar música, ler livro -- de ficção, sempre --, contar piada, preparar comida, cortar as unhas, amar uma mulher. Acredito, sem muita convicção, que o amor está em qualquer coisa que nos torne menos chatos. Daí abrir-se um leque quase inesgotável de opções, claro, sempre envolvendo música, livro de ficção, piada, comida, cortador de unhas e mulher. Um coisa puxa a outra, e acabamos deitados, suspirando, com sorriso de canto de boca -- imaginem o alívio de se livrar de uma unha encravada. Um amigo me confessou que a melhor maneira de inventar o amor é se olhar no espelho, em manhã pós-festa, e ter a certeza de que o corpo ainda funciona. Ele argumenta que é a maior prova de Deus e de Sua infinita compaixão com os pecadores. Não lhe tiro a razão, o exagero é uma das opções que nos é apresentada para inventar de novo o amor. No fundo, aquele sentimento de plenitude nada mais é que o exagero. Por exemplo, quando ouvimos uma música e, exageradamente, dizemos que é a melhor coisa que já foi feita. Vale também para livro de ficção, piada, comida, cortador de unhas (afiado e preciso, amigo unha e carne do bisturi) e mulher. Passado um tempo, a sensação vai se arrefecendo. É exatamente neste momento que é preciso inventar de novo o amor: o amor dentro do amor. Ou, melhor ainda, o amor dentro do amor dentro amor, com o mesmo livro de ficção, cortador de unhas, a mesma piada, comida, mulher. É assim que me sinto quando chego à rua Nascimento Silva, 107, escutando admirado a Elizete.

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