Ex-tesoureiro do PROS afirma que Ciro participava do recebimento de propina no Ceará
Segundo Niomar Calazans, nada é feito no Estado sem conhecimento do presidenciável
Ciro Gomes
31/08/2018 9:44
A revista Veja chegou às bancas, nesta sexta-feira (31), trazendo entrevista bombástica com o ex-tesoureiro nacional do PROS Niomar Calazans. Ele afirma que o presidenciável Ciro Gomes (PDT) tem envolvimento em um esquema de extorsão contra empresários no Ceará. A maracutaia deve ser investigada pela Lava Jato. Talvez por isso o pedetista tenha dito que o Ministério Público e o Judiciário precisam voltar para a caixinha.
“Ciro sabia e participava, com certeza”, declara Niomar, ex-primeiro-tesoureiro do Pros, partido ao qual Ciro Gomes e seu irmão Cid foram filiados entre 2013 e 2015. Em entrevista exclusiva à Veja, Calazans conta que o esquema de extorsão era usado por Ciro e seu grupo para financiar campanhas eleitorais. Ele também diz que os FGs pagaram 2 milhões de reais para “comprar” o controle do Pros durante as eleições de 2014 no Ceará. Na época, Ciro Gomes era filiado ao Pros, e o diretório estadual era presidido por Danilo Serpa, seu afilhado político e chefe de gabinete do então governador cearense Cid Gomes.
Além da já conhecida propina paga pela JBS para o ex-governador Cid, a revista traz indícios de que os FGs também teriam recebido benefícios da Grendene, Paquetá Calçados e Bermas Maracanaú. O esquema era simples: as empresas recebiam dinheiro em créditos do governo e, posteriormente, doavam dinheiro para o PROS.
Veja infográfico da Veja
Na lata
Confira trechos da entrevista de Niomar para a Veja.
Veja - A JBS diz que pagou propina ao grupo do ex-governador Cid Gomes e ao Pros para receber créditos do governo. Isso é verdade?
Niomar - É totalmente verdade. Os delatores disseram exatamente o que aconteceu.
Veja - Quem sabia disso?
Niomar - Todo mundo sabia. Eles fizeram uma jogada lá, e o dinheiro veio desse acerto com os empresários.
Veja - Ciro Gomes também sabia?
Niomar - O Ciro Gomes sabia e participava, com certeza.
Veja - Ele também sabia que seu irmão Cid pedira propina à JBS?
Niomar - No Ceará, um não faz nada sem o outro. Cid Gomes era governador por indicação do Ciro. Quando um está em um partido, o outro também está. Trabalham em conjunto.
Veja - O senhor já esteve com Ciro Gomes?
Niomar - Diversas vezes. No Ceará, estive duas vezes com ele. As outras foram em Brasília. Sempre que ia a Brasília, ele visitava a sede do Pros para tratar desses negócios.
Veja - Que negócios eram esses?
Niomar - Os negócios políticos e os negócios financeiros. Quem indicou o presidente do Pros no Ceará foi o Ciro. O indicado foi o Danilo Serpa. Danilo também era o chefe de gabinete do governo Cid. Através do Danilo, Ciro mandava no diretório estadual e cuidava da parte financeira.
Veja - Não era o senhor que cuidava das questões financeiras?
Niomar - Eu era o tesoureiro nacional. Mas era o Ciro Gomes que negociava a parte do dinheiro do Ceará. Os 20 milhões de reais que a JBS repassou em 2014 foram para o grupo de Ciro, que apoiou a candidatura do Camilo Santana. Nós só acompanhávamos. Ciro precisava do partido no estado para tocar a campanha do seu grupo político. O pessoal dele negociou esses créditos, dinheiro usado para eleger o grupo dele. E ainda houve o caso dos 2 milhões que Ciro teve de dar ao Euripedes Junior para poder controlar o Pros no Ceará.
Veja - Ciro comprou a legenda por 2 milhões?
Niomar - Os irmãos Gomes compraram o diretório cearense do Pros. Euripedes controlava o partido e “vendia” os diretórios estaduais. Quem quisesse ter o controle local da sigla precisava pagar. Foi assim em Minas Gerais, em Mato Grosso do Sul, no Ceará e em outros estados. Em 2014, o Euripedes chantageou o Ciro: “Se você não depositar 2 milhões de reais na minha conta, eu não libero o diretório”. Esse diálogo foi reproduzido pelo próprio Euripedes em uma de nossas reuniões.
Veja - O senhor estava na reunião?
Niomar - Sim, foi uma conversa minha com o Euripedes Junior. Logo depois dessa conversa, inclusive, o Danilo Serpa, presidente do Pros no Ceará, me ligou. O Danilo falou: “O Euripedes está fazendo chantagem, nos retirou a senha do partido”. O Danilo pediu que eu fizesse uma aproximação do Euripedes com o Ciro. Fui então falar com o Euripedes e ele disse: “Quem manda no partido sou eu, as coisas vão acontecer do meu jeito”.
Veja - E o que aconteceu?
Niomar - O Ciro veio a Brasília para negociar diretamente com o Euripedes.
Veja - O senhor estava nessa reunião do Ciro com o Euripedes?
Niomar - Eu estava na sede do partido, vi quando eles entraram, mas não participei. Foi uma reunião muito tensa.
Veja - E houve o pagamento?
Niomar - Eles receberam a autorização para comandar o diretório regional. O que você acha?
Veja - O senhor está disposto a depor oficialmente acusando Ciro Gomes de envolvimento no esquema?
Niomar - Meu compromisso é com a verdade. Aquilo que me for perguntado e de que eu tiver conhecimento, vou falar sem restrição alguma.
Na lata
Confira trechos da entrevista de Niomar para a Veja.
Veja - A JBS diz que pagou propina ao grupo do ex-governador Cid Gomes e ao Pros para receber créditos do governo. Isso é verdade?
Niomar - É totalmente verdade. Os delatores disseram exatamente o que aconteceu.
Veja - Quem sabia disso?
Niomar - Todo mundo sabia. Eles fizeram uma jogada lá, e o dinheiro veio desse acerto com os empresários.
Veja - Ciro Gomes também sabia?
Niomar - O Ciro Gomes sabia e participava, com certeza.
Veja - Ele também sabia que seu irmão Cid pedira propina à JBS?
Niomar - No Ceará, um não faz nada sem o outro. Cid Gomes era governador por indicação do Ciro. Quando um está em um partido, o outro também está. Trabalham em conjunto.
Veja - O senhor já esteve com Ciro Gomes?
Niomar - Diversas vezes. No Ceará, estive duas vezes com ele. As outras foram em Brasília. Sempre que ia a Brasília, ele visitava a sede do Pros para tratar desses negócios.
Veja - Que negócios eram esses?
Niomar - Os negócios políticos e os negócios financeiros. Quem indicou o presidente do Pros no Ceará foi o Ciro. O indicado foi o Danilo Serpa. Danilo também era o chefe de gabinete do governo Cid. Através do Danilo, Ciro mandava no diretório estadual e cuidava da parte financeira.
Veja - Não era o senhor que cuidava das questões financeiras?
Niomar - Eu era o tesoureiro nacional. Mas era o Ciro Gomes que negociava a parte do dinheiro do Ceará. Os 20 milhões de reais que a JBS repassou em 2014 foram para o grupo de Ciro, que apoiou a candidatura do Camilo Santana. Nós só acompanhávamos. Ciro precisava do partido no estado para tocar a campanha do seu grupo político. O pessoal dele negociou esses créditos, dinheiro usado para eleger o grupo dele. E ainda houve o caso dos 2 milhões que Ciro teve de dar ao Euripedes Junior para poder controlar o Pros no Ceará.
Veja - Ciro comprou a legenda por 2 milhões?
Niomar - Os irmãos Gomes compraram o diretório cearense do Pros. Euripedes controlava o partido e “vendia” os diretórios estaduais. Quem quisesse ter o controle local da sigla precisava pagar. Foi assim em Minas Gerais, em Mato Grosso do Sul, no Ceará e em outros estados. Em 2014, o Euripedes chantageou o Ciro: “Se você não depositar 2 milhões de reais na minha conta, eu não libero o diretório”. Esse diálogo foi reproduzido pelo próprio Euripedes em uma de nossas reuniões.
Veja - O senhor estava na reunião?
Niomar - Sim, foi uma conversa minha com o Euripedes Junior. Logo depois dessa conversa, inclusive, o Danilo Serpa, presidente do Pros no Ceará, me ligou. O Danilo falou: “O Euripedes está fazendo chantagem, nos retirou a senha do partido”. O Danilo pediu que eu fizesse uma aproximação do Euripedes com o Ciro. Fui então falar com o Euripedes e ele disse: “Quem manda no partido sou eu, as coisas vão acontecer do meu jeito”.
Veja - E o que aconteceu?
Niomar - O Ciro veio a Brasília para negociar diretamente com o Euripedes.
Veja - O senhor estava nessa reunião do Ciro com o Euripedes?
Niomar - Eu estava na sede do partido, vi quando eles entraram, mas não participei. Foi uma reunião muito tensa.
Veja - E houve o pagamento?
Niomar - Eles receberam a autorização para comandar o diretório regional. O que você acha?
Veja - O senhor está disposto a depor oficialmente acusando Ciro Gomes de envolvimento no esquema?
Niomar - Meu compromisso é com a verdade. Aquilo que me for perguntado e de que eu tiver conhecimento, vou falar sem restrição alguma.
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