Entrevista desastrosa de André Costa força Camilo a decretar sua demissão da pasta

Secretário da Segurança culpou desenvolvimento do Ceará, Porto do Pecém e até mesmo a Operação Lava Jato pelo cenário de guerra no Estado

Secretário de Segurança, André Costa

29/01/18 14:40

O secretário da Segurança, André Costa, culpou, nesta segunda-feira (29), durante uma entrevista desastrosa à rádio Verdinha, o desenvolvimento do Ceará e a Operação Lava Jato pela cenário de guerra na segurança pública do Estado. No jogo de passa a batata quente do secretário, sobrou até para o acordo acertado pelo governador Camilo Santana (PT) e o Porto de Roterdã, que visa à ampliação do Porto do Pecém, equipamento usado para o tráfico de drogas pelas facções, segundo André Costa, devido à localização geográfica do Ceará, estado brasileiro mais perto da Europa.

Sem conseguir emplacar nenhuma ação de combate à violência ou sequer apresentar um Plano de Segurança para o Ceará, André Costa já havia responsabilizado o governo federal pelo avanço da criminalidade, mas agora o secretário inovou e afirmou que a culpa é da Operação Lava Jato, que estaria sendo o foco da Polícia Federal, deixando o combate ao tráfico para o “quinto plano”. “Há um grande foco na Polícia Federal, eu vim de lá, eu posso dizer isso, um grande foco no combate à corrupção. E essa questão do tráfico de drogas foi deixado para terceiro, quarto, quinto planto”.

Tem mais

André Costa ainda culpou o desenvolvimento do Ceará, principalmente no Porto do Pecém e no Aeroporto Pinto Martins – Centro de Conexões da AirFrance, KLM e Gol -, pela instalação e perpetuação das facções criminosas no Estado. “É o [estado] mais próximo que nós temos da Europa, que é um grande mercado consumidor. Por isso a importância, para essas facções, de chegarem no Ceará. É um estado que se desenvolve, é um estado que tem um porto, que hoje, inclusive, o Governo do Estado está em negociação com o porto Roterdã para incrementar um hub, tecnologias na parte portuária. Temos aí uma crescente nos voos internacionais. Então tudo isso traz um olhar desses criminosos para o estado do Ceará”.

Jogando na esquiva

Questionado sobre a reação dos órgãos de Segurança Pública do Ceará contra os constantes ataques da facções contra oficiais e sedes de órgãos de segurança, o secretário voltou a se esquivar, dizendo que esse problema “não é só no Ceará, não. É um problema que enfrentamos no País”. O único momento em que o secretário afirmou algo em relação ao enfrentamento da violência foi para liberar policiais para atirar pelas costas.

Confira os trechos em destaque da entrevista:

Sobre aumento da criminalidade:

“Muito se fala na facção A, na facção B, mas o que é que eu tenho dito: a gente precisa ir além. o crime é um conduta humana, eu não posso responsabilizar uma facão criminalmente, eu só posso responsabilizar pessoas”.

Inocentes mortes

“A gente vê na questão dos homicídios: deixando claro, não está morrendo só quem tem histórico com drogas. O cidadão hoje tem muito medo de ir pras ruas, ser assaltado e, em decorrência desse assalto, ser morto”.

Bairros mais violentos:

“Sempre os bairros mais violentos são aqueles mais desassistidos pelo Gov… Poder Público. Normalmente os mais pobres, menos assistidos pelo Poder Público. Eu falo União, Estado, Prefeitura. A principal área são as áreas 8, que envolve bairros como Barra do Ceará, Vila Velha, Pirambu. Descendo mais, também na divisa com Caucaia; as áreas 6 e 2, Bom jardim, Genibaú, Granja Portugal, Granja Lisboa; na 6 temos ali, por exemplo, é uma área que tem bairros como Autran Nunes, Quintino Cunha; uma área que não vinha, no ano 2016, mas que em 2017 passou a ter um destaque negativo, é aquela área ali do entorno do Jangurussu, do Passaré, que é a área 3; e também ali na 7, aquela área ali de Sapiranga, Edson Queiroz. São áreas que houve um aumento na média de homicídios”.

Policial pode atirar pelas costas:

“Essa bandidagem está mais ousada, mais violenta, e o policial tem reagido à altura, que é papel do policial, ele tem que fazer. Eu digo sempre: O Policial, quando vai pra rua, se ele ver o bandido com arma na mão, ele não tem que esperar o bandido atirar, não. O primeiro tiro tem que ser do policial, o segundo é do policial, o terceiro é do policial, até o último tiro tem que ser do policial, até cessar aquela agressão que era iminente. Bandido com arma na mão, ninguém sabe. Ele pode estar até correndo com arma na mão, ele pode estar correndo em cima de uma vítima e atirar na vítima. Às vezes, o policia vai ter que atirar pelas costas também, se ele tá com arma na mão, o policial tem que agir”.

Fracasso do Ronda do Quarteirão

“Na verdade, era um policiamento que muitas vezes não estava dentro da comunidade. Em alguns casos sim, outros não. era um policiamento, quer queira quer não, era um policiamento embarcado, os policiais embarcados em viaturas. Aquela coisa, a viatura passa, ela não permanece ali”.

“A gente sabe que modelos como esse já aconteceram e já faliram no País, de implantação de policiamento dentro das comunidades”.

Confira a entrevista na íntegra:

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