Adolescente morta na guerra de facções no Bom Jardim. Bairro teve toque de recolher

A garota é a terceira pessoa morta ali em 48 horas. A disputa pelo território do tráfico põe frente a frente duas facções criminosas das comunidades Marrocos e Urubu. Entre as vítimas da violência, figurou um garoto de 6 anos, baleado pela Polícia

Rabecão da Perícia Forense recolheu o corpo da garota na Rua Juliana Nojosa

27/04/18 8:40

Uma garota de aproximadamente 17 anos se tornou a mais recente vítima da guerra travada entre facções criminosas nas ruas do Grande Bom Jardim nas últimas 48 horas. Na noite dessa quinta-feira (26), em meio a um toque de recolher imposto pelos bandidos no bairro, a jovem foi executada a tiros. A Polícia só apareceu no local do crime cerca de uma hora depois, segundo o relato dos moradores. O clima continua de tensão no antes denominado “Território da Paz”, na zona Sul de Fortaleza.

Passavam poucos minutos das 19 horas, quando um grupo de quatro pessoas seguia apé pela Rua Juliana Nojosa, próximo à comunidade Marrocos, quando foram surpreendidas pelos assassinos. Eram homens pertencentes a uma das facções criminosas em “guerra” pelo território. A garota foi a escolhida do grupo para a execução sumária. A jovem foi tirada do meio de seus amigos e fuzilada, sem chance alguma de defesa.

Segundo os moradores, o corpo da garota ficou estendido no meio da rua deserta, até que, cerca de uma hora depois, uma patrulha da Polícia Militar apareceu após uma chamada anônima à Ciops relatando o assassinato.  Equipes da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da perícia Forense do Ceará (Pefoce) iniciaram as investigações.  A Polícia acredita que o crime tenha sido praticado por ordem de traficantes da região.

Pânico e toque de recolher

A disputa de facções nas ruas do Bom Jardim deixou um rastro de sangue e morte nas últimas 72 horas. Na madrugada de quarta-feira (25), um intenso tiroteio ocorreu na comunidade do Urubu, quando um grupo de criminosos encapuzados e fortemente armados tentou invadir o território de outra facção e se deparou com duas patrulhas da PM. Os policiais sofreram uma emboscada e o tiroteio se estendeu por mais de uma hora. Um PM ficou ferido.

Horas depois, por volta do meio-dia, outro cerco policial no mesmo bairro,  terminou em tragédia. Um garoto de apenas 6 anos de idade foi baleado e morto quando a Polícia tentava prender duas ex-presidiárias que escondiam armas e drogas em uma residência na Rua Nova Conquista. Segundo versão da PM, a tia do garoto, que havia atirado contra os policiais da Coordenadoria de Inteligência Policial (CIP) e baleado um militar, usou o próprio sobrinho como “escudo humano”.  O garoto José Isaac Santiago da Silva não resistiu aos ferimentos a tiros. A avó também ficou ferida. O assassinato do garoto foi tratado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) como “morte decorrente de intervenção policial”.

Ainda na quarta-feira, já à noite, durante uma perseguição a um grupo de bandidos armados nas ruas do Bom Jardim, um jovem morador daquela comunidade foi atropelado e morto por uma viatura descaracterizada do Serviço de Inteligência da PM.  Em seguida,  moradores fizeram um protesto no bairro e queimaram pneus.

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