Silêncio
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Hidrogenio verde e o combustivel do futuro

Silêncio

19/01/2018 8:34

O mundo está repleto de tudo, só não de silêncio -- foi o que eu disse na crônica passada. Prometi voltar ao tema. Cumpro aqui a palavra. O mais engraçado disso tudo é que vou tratar de um assunto que era melhor ficar calado. Dessas contradições, a vida está repleta, e temos de encará-las sem medo, sob pena de começarmos a perder aos poucos a voz interna. Silêncio é uma coisa, mutismo é outra. Silêncio é saber que mesmo com todas as ideias, informações e impropérios que existem, optamos por não usá-los. É isso que acontece quando engolimos sapo, resolvemos deixar para lá ou decidimos contar até dez. De forma bem direta, silêncio é tomada de decisão; mutismo é simplesmente imposição. Entre dizer e não dizer, existe um milhão de forças (internas e externas). As internas são aquelas que, depois de assimiladas, somos mais influenciados a usá-las como balizas. Depende sempre da formação que tivemos ou subvertemos. As externas são impostas mesmo, é o poder de fato -- bruto, sem dó nem piedade. Ou faz ou faz. Não tem discussão. Silêncio é quando a pessoa amada pergunta se está falando demais e nós damos apenas um sorriso. O amor e a educação não permitem que firamos nossas esposas, nossos maridos. É tudo voluntário. O mutismo não. Mesmo que queiramos falar, não podemos, como no momento em que uma arma está apontada em nossa cabeça e o bandido pede para que não demos um pio. Silêncio é bom, mutismo não. Quando um político fala besteira, ele podia ter ficado calado, mas optou por soltar mais uma das suas. Diriam os mais sábios que a palavra é prata, o silêncio é ouro. Ganha o eleitor mais atento, perde a legenda mais sebenta. Quando uma mulher ou um homem são violentados sexualmente e ficam congelados por não saber como agir em situação tão irracional, é mutismo. Mesmo que o mundo não esteja repleto de silêncio – seria bom --, não é isso que importa. É urgente combater a falta de voz que vai além de um problema físico. É uma questão, em última instância, de tato. E só sabe quem sente o peso da mão sobre si.

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