Insatisfeitos com o reajuste anunciado pelo governo, PMs abandonam “extra” na folga

A decisão tomada pelos PMs pode reduzir o patrulhamento em vários municípios

Soldados, cabos e sargentos estão insatisfeitos com o reajuste salarial anunciado

04/02/20 8:27

A onda de descontentamento de policiais militares cearenses após o anúncio do reajuste salarial parcelado já começa a refletir no comportamento da tropa. Em várias cidades do Interior, os PMs  decidiram, nas últimas 24 horas,  não mais se voluntariar para o serviço extra  nas horas de folga, batizado de Indenização de Reforço ao Serviço Operacional (IRSO). A atitude dos militares pode reduzir o patrulhamento nas ruas de, pelo menos, 12 cidades do Interior, além da Capital.

Nas redes sociais, militares postaram mensagens informando que deixarão de atuar da IRSO nas cidades de Morada Nova, Barbalha, São Gonçalo do Amarante, São Benedito, Tianguá, Boa Viagem, Limoeiro do Norte, Parambu, Canindé, Sobral, Mombaça e Quixeramobim.

A decisão teria sido tomada por policiais militares do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e de unidades especiais como o Raio (Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas) e a Força Tática (FT) de vários batalhões.  O Comando-Geral da PM e a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), não se manifestaram sobre o assunto.

Criada através da lei estadual de número 16.009, de 5 de maio de 2016, e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), de 9 de maiode 2016, além de respaldado no Decreto número 31.957, de 30 de maio do mesmo ano, a IRSO foi estabelecida como uma forma do policial militar e bombeiro militar complementar a renda através de trabalho voluntário em seus dias e horários de folga, como forma de reforçar o contingente em operação nas ruas.

De acordo com a lei, o policial militar pode concorrer a até duas escalas especiais de reforço ao serviço operacional  por semana, totalizando, no máximo, 12 horas semanais e 48 horas mensais, a título de reforço de policiamento.  Cada turno na IRSO é de seis horas de trabalho.

Insatisfação

A insatisfação da tropa, especialmente das praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) veio à tona ainda na sexta-feira passada (31), após o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, delegado federal André Costa, anunciar o reajuste salarial em sua página na rede social Instagram. Ele chamou o reajuste de “Pacote de Valorização dos Profissionais da Segurança Pública”, e reiterou que o governo do estado “cumpriu a palavra” ao formalizar o “aumento” dos vencimentos dos servidores, parcelado em quatro vezes, entre março de 2020 e dezembro de 2022.

Insatisfeito com o “pacote”, a tropa começou a se manifestar, ainda na sexta-feira (31) e logo, as lideranças da categoria anunciaram para a próxima quinta-feira (6), uma nova manifestação de policiais e bombeiros militares e seus familiares na Assembleia Legislativa do Estado.

Conforme a categoria, o reajuste anunciado pelo governo sequer repõe as perdas da inflação  acumulada nos últimos quatro anos, período em que não houve reajuste dos salários da classe

Já o governador Camilo Santana (PT) disse, ontem (3), que o reajuste foi maior que a “Média do Nordeste” prometida à categoria e que há casos de soldados que terão vencimentos acima de R$ 8 mil, versão que é contestada pela categoria.  Já as associações de classe da PM e do CBM estão orientando os militares a não mais se inscreverem  nas vagas para a IRSO.

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