Feminicídios e crimes sexuais aumentam taxas de assassinatos de mulheres no Ceará
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Feminicídios e crimes sexuais aumentam taxas de assassinatos de mulheres no Ceará

Em apenas cinco meses e 10 dias de 2019, Ceará já registra 94 mulheres assassinadas

Daniele, Erisvalda e a filha Cecília, e Ana Klênia, todas foram assassinadas no Ceará

11/06/2019 9:47

Na véspera do Dia dos Namorados, o Ceará já registra em 2019, nada menos, que 94 assassinatos de mulheres. A maioria dos crimes segue sendo investigada e seus autores, apesar de já identificados, permanecem foragidos e, portanto, na impunidade.  Crimes passionais ou feminicídios têm se tornado  freqüentes no estado, assim como aqueles de natureza sexual (estupros seguidos de morte).

Na semana passada, uma adolescente de apenas 14 anos entrou na lista das vítimas da violência, ao ser estuprada  e morta, a facadas, pelo próprio tio. O crime aconteceu na cidade de Irauçuba (a 155Km de Fortaleza), onde a estudante Ana Klênia Sousa dos Santos foi  covardemente morta – praticamente degolada -  dentro de casa, sem chance alguma de defesa.  O assassino foi preso logo depois, quando dormia em casa após enterrar as roupas ensangüentadas e esconder a faca que usou para assassinar a sobrinha após estuprá-la.

Em outro ato de extremo desespero e covardia, um  homem assassinou, também a golpes de faca, a namorada que estava grávida e a filha dela, uma menina de apenas um ano e 11 meses de vida. A tragédia familiar aconteceu na manhã do último sábado (8), no bairro Estação, na periferia da cidade de Itapipoca (a 125Km de Fortaleza).

Nesta segunda-feira (10), a Justiça decretou a prisão preventiva do cabeleireiro Francisco Marlin de Oliveira, 41, autor da barbárie em Itapipoca. Com uma faca caseira, ele golpeou primeiro a menina Maria Cecília, e, em seguida, degolou a namorada, Maria Erisvalda Frota, 31, mãe de Cecília.  Marlin permanece foragido.

Zé de Valério

Em outras duas regiões do Ceará, o Sertão Central e os Inhamuns, o trabalho da Polícia é tentar localizar e prender um vaqueiro acusado de ter estuprado e assassinado a jovem universitária  Daniele Oliveira da Silva, 20 anos. O crime ocorreu na noite de 24 de abril, na localidade São Gonçalo, zona rural do Município de Pedra Branca (a 285Km de Fortaleza).

José Pereira da Costa, o “Zé de Valério”, desafia a Polícia a prendê-lo. Com mais de 50 dias de fuga, o suspeito de assassinar a universitária em Pedra Branca já percorreu mais de 200 quilômetros sertão afora, em matagais e serras, fugindo do cerco policial. Teria sido visto, pela última vez, no fim de semana passado, já próximo de Crateús (a 345Km de Fortaleza), com fortes indícios de que pretende seguir em fuga para o vizinho estado do Piauí.

Daniele foi raptada pelo assassino quando retornava da cidade para a propriedade rural dos pais em sua motocicleta. Ao ser  encontrada, estava seminua e com lesões de tiro na cabeça. O assassino, que trabalhava como vaqueiro para o pai da vítima, fugiu. Contra ele existe a acusação do assassinato de outra mulher, em Crateús. Ainda assim, estava em liberdade.

Crime brutal

Entre os 94 assassinatos contra mulheres, neste ano, no Ceará, um caso teve repercussão recente, quando uma garota de 19 anos foi vítima de um crime brutal. O palco da violência foram as ruas do bairro Terrenos Novos, na periferia da cidade de Sobral, na zona Norte do estado (a 224Km de Fortaleza).

Era a manhã do dia 14 de maio, quando Maria Elailane do Nascimento passava por uma rua daquele bairro e foi surpreendida com uma emboscada. Depois de espancada por um grupo de mulheres, ela foi arrastada pelos cabelos até uma casa abandonada nas proximidades e ali sofreu torturas e espancamentos antes de ser morta  a facadas, pedradas e pauladas.

Dois dias depois, o grupo responsável  pelo assassinato de Elailane foi preso pela Polícia Civil. Entre os suspeitos, cinco mulheres.

Números

No balanço dos crimes contra a mulher no Ceará, neste ano, está a  marca de 94 assassinatos em apenas cinco meses e 10 dias (entre os dias 1º de janeiro e 10 de junho).  Destes, 19 foram praticados  na Capital cearense, 31 na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), além de 24 no Interior Norte, e 20 no Interior Sul.  Entre as vítimas, nove adolescentes.

O mês com maior número de mulheres assassinadas no estado foi abril, com 28 casos, seguido de fevereiro e maio, cada um deles com 17 assassinatos. Em janeiro foram 13 casos, e março, 11.  Em 10 dias deste mês de junho, oito homicídios foram contabilizados.

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