Denúncia revela que equipes da Ciopaer não podem mais participar de caça a bandidos
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Denúncia revela que equipes da Ciopaer não podem mais participar de caça a bandidos

Um documento assinado pelo coordenador da unidade ordena que sejam "abortados" voos dos helicópteros quando não houver apoio terrestre da Polícia. O porta-voz da Ciopaer afirma que apenas foram normatizadas as regras de segurança

Os helicópteros são utilizados em operações policiais e de resgate em acidentes

15/01/2018 9:50

Os helicópteros da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), que atuavam no combate ao crime na Grande Fortaleza e no interior do estado, auxiliando as forças policiais terrestres em caçadas a bandidos em matagais, serras, na caatinga e no mar, podem não mais não mais participarem dessas operações, o que representa para a Segurança Pública Estadual um retrocesso no combate à violência. A ordem para que operações deste tipo sejam evitadas ou “abortadas” partiu do próprio comando da instituição. Na circular interna número dois de 2017 (CI 2/2017), assinada no dia 15 de dezembro último, o coordenador geral da Ciopaer, delegado de Polícia Civil e piloto,   Aristóteles Tavares Leite, ordenou o fim das operações. O Cerá News 7 teve acesso, com exclusividade, ao documento interno da Ciopaer em que o delegado Tavares ordena que sejam “vedados” os voos  com deslocamento à frente “com vistas à identificação de veículos e pessoas suspeitas, bem como voo pairado abaixo de 100 pés sobre o terreno. Para estas finalidades o piloto deverá manter a aeronave a uma altura segura em relação ao solo e demais  obstáculos e pedir apoio de tropas em terras. Caso não haja esse apoio, a missão deverá ser abortada”, diz o documento. Em tese, a ação das aeronaves da Ciopaer foi invertida. Antes, os helicópteros davam o apoio às patrulhas em terra. Com a determinação do coordenador, as tripulações é quem deverão pedir o apoio das forças terrestres. Acidente A determinação vai mais além, proibindo os pilotos de “efetuarem varredura sobre matagal em busca de suspeitos armados”, assim como também estão vedados “voos sobre o litoral, em áreas de praia, sobre a faixa de areia”. Diz o documento que, “os voos sobre o mar, nas áreas de praia, deverão ser realizados a uma altura mínima de 200 metros, exceto em operações de resgate real ou para averiguação de possíveis vítimas de resgates”. O comandante explica que as determinações foram tomadas após um episódio de um acidente aeronáutico ocorrido no dia 10 de novembro do ano passado, envolvendo o helicóptero “Esquilo” batizado de “Fênix 02”, baseado no núcleo da Ciopaer em Juazeiro do Norte. A atitude do coordenador da Ciopaer logo gerou uma onda de insatisfação e revolta dentro da tropa daquela unidade e, neste fim de semana, um manifesto circulou entre pilotos e demais tripulantes das aeronaves daquela unidade operacional vinculada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Intitulado “O crime organizado ganha apoio aéreo da Ciopaer”, o panfleto começa com a seguinte denúncia: “não obstante as atividades duvidosas do coordenador da Ciopaer, com determinações absurdas que vão de encontro à razão de ser de qualquer grupamento aéreo, por último,  decretou o fim das atividades aéreas policiais com uma determinação esdrúxula tendo como pano de fundo um acidente aeronáutico”. “Imagine o epicentro de uma ocorrência em uma área de difícil acesso! Pela nova determinação, a aeronave deverá solicitar apoio terrestre de viaturas, não podendo efetuar nenhuma intervenção e estará restrita, tão somente, a observar o que estiver acontecendo entre policiais e bandidos (de camarote). Assim, sairia mais vantajoso para o estado adquirir drones ao invés de helicópteros. É tão absurdo que contraria todo o treinamento do curso de formação de tripulante, que ficou sem função a bordo, sem poder atuar naquilo em que foi treinado. Um retrocesso operacional jamais visto em nenhum grupamento aéreo do País”, diz o manifesto dos pilotos. Secretário enganado Para finalizar, o manifesto ainda faz uma grave revelação. Segundo o documento, o coordenador da Ciopaer estaria “enganando” o próprio secretário da Segurança Pública, delegado federal André Costa, ao informar que a unidade funciona 24 horas. Segundo o texto: “o secretário da segurança, enganado, jura que o serviço das aeronaves é 24 horas, mas o coordenador autoriza os pilotos a dormirem em casa, ficando de sobreaviso para o caso de uma chamada. Que os bandidos e os policiais esperem os pilotos chegarem na Ciopaer e só daí decolarem. Uma palhaçada aérea”. Regras normatizadas Ouvido pelo Ceará News 7, o porta-voz da Ciopaer, tenente-coronel PM Marcus Costa, contestou as denúncias. Segundo o oficial, o coordenador da instituição, delegado de Polícia Civil Aristóteles Tavares Leite, tão somente oficializou e normatizou o que já era feito pelos pilotos para a segurança da tripulação e da própria aeronave. Conforme Marcus Costa, prioritariamente, as aeronaves prestam o apoio necessário às equipes terrestres, e isto deve ser feito dentro dos padrões de segurança para evitar riscos de acidentes como colisões em árvores ou outros obstáculos e, nos casos de voos no mar, evitar até mesmo assustar ou causar acidentes aos banhistas. “Essas regras existem desde o tempo do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (que originou a Ciopaer) e foram apenas formalizadas em documento pelo coordenador e assinado por todos nós pilotos. São recomendações de segurança, normatizando o que já era feito”, reiterou. O site tentou ouvir o coordenador Aristóteles Tavares, mas foi informado de que no momento ele está viajando. Confira o documento  

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