Costa enfrentou em três anos seis crises na Segurança com atentados, chacinas e greve
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Costa enfrentou em três anos seis crises na Segurança com atentados, chacinas e greve

Secretário não conseguiu superar o avanço das facções criminosas no estado

Os ataques criminosos em 2019 abalaram a gestão de André Costa

04/09/2020 10:08

Com casamento marcado para o próximo mês de novembro, o delegado federal  cearense, e ex-escrivão da Polícia Civil, André Costa, decidiu entregar o cargo de secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará nesta quinta-feira (3), após três anos e oito meses de gestão.  Alegou motivos pessoais. Neste período, enfrentou, ao menos, seis grandes crises na sua administração: três chacinas que tiveram repercussão nacional, duas ondas de ataques terroristas praticadas por facções e uma greve de policiais militares que o governo classificou como motim militar.

Ao assumir o cargo em janeiro de 2017, substituindo o colega Delci Teixeira (também delegado da PF), Costa fracassou em seu primeiro ano de gestão, pois o  Ceará atingiu a pior marca na estatística dos Crimes Violentos, Letais e Intencionais (CVLIs) de sua história. No total, 5.332 pessoas foram assassinadas. Tornou-se um recorde histórico e desastroso para a SSPDS e para o governo de Camilo Santana (PT). 

A matança em 2017 traduziu em sangue o avanço acelerado do domínio das facções criminosas em Fortaleza e sua Região Metropolitana, com fuzilamentos diários, além de mortes cruéis com pessoas esquartejadas vivas, decapitadas e queimadas. Muitos desses crimes foram filmados pelos próprios assassinos e as imagens reproduzidas nas redes sociais.

2018: ano das chacinas

Em 2018, o Ceará foi palco de três chacinas que acabaram tendo repercussão na mídia nacional e internacional. A das Cajazeiras ou do “Forró do Gago” deixou 14 mortos na madrugada de 27 de fevereiro, tenso sido ordenada pelo “chefão” da facção Guardiões do Estado (GDE), “Celim da Babilônia. Na ocasião ocorria uma festa patrocinada pela facção rival, o Comando Vermelho (CV).

Na noite de 9 de março, a segunda matança foi perpetrada nos arredores da Praça da Gentilândia, no bairro Benfica, zona central de Fortaleza. Uma rixa entre ex-comparsas de uma quadrilha e a rivalidade de facções deixou sete pessoas mortas.

E, na madrugada do dia 7 de dezembro, uma operação policial desastrosa terminou na morte de 14 pessoas na cidade de Milagres, na Região do Cariri, no Sul do estado. Policiais militares tentaram impedir que uma quadrilha assaltasse os bancos daquela cidade. Houve troca de tiros e oito bandidos foram mortos, além de seis inocentes (reféns).  Dezenove policiais foram afastados das funções e denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Mesmo com as chacinas, o Ceará reduziu, em 2028,  o número de assassinatos em comparação a 2017, caindo de 5.332 para 4.825.

2019: ataques nas ruas e redução de mortes

Veio o ano de 2019 e o estado passou por duas ondas de ataques criminosos que afetaram diretamente a população e colocaram à prova a gestão da Segurança Pública e do seu titular. Logo em janeiro, uma sequência de atos criminosos se espalhou entre Fortaleza, Região Metropolitana e o Interior. Foram mais de 150 de ataques, com ônibus incendiados, delegacias e quartéis metralhados e até pontes e viadutos alvos de explosão.

Em setembro aconteceu a segunda onda de atentados, que, embora mais curta que a primeira, também deixou a população em pânico. Dezenas de bandidos foram presos e denunciados pelo Ministério Público. Os mais perigosos acabaram sendo enviados para presídios federais de segurança máxima onde cumpriram Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).  Muitos já retornaram para os presídios cearenses.

 Apesar das  seguidas ondas de ataques em 2019, no ano passado o Ceará registrou a maior desaceleração dos índices de assassinatos, com o registro final de 2.396 casos. Essa redução se deveu a vários fatores, entre eles, a prisão, transferência e isolamento das lideranças das facções; a reestruturação do Sistema Penitenciário e o uso da Inteligência e da tecnologia  pela SSPDS no combate ao crime organizado, com dezenas de operações conjuntas da Polícia com o Ministério Público.

2020: Greve na PM e aumento de crimes

Não deu tempo de comemorar a diminuição dos crimes em 2019. Logo no começo deste ano, André Costa enfrentou uma greve de policiais militares.  A violência se instalou nas ruas da cidade de Fortaleza e na Região Metropolitana em fevereiro.

Os assassinatos triplicaram em apenas duas semanas de paralisação dos PMs. O governo considerou a greve um motim e indiciou 261 PMs  por crimes militares. Alguns foram presos e  todos afastados das funções.  O Carnaval de 2020 no Ceará foi marcado por um verdadeiro “banho” de sangue.

Veio março, e com ele a pandemia no Covid-19. Porém, nem mesmo o isolamento social imposto pelo governo aplacou o aumento da violência. Com quase três mil assassinatos registrados em oito meses, o Ceará avança no estado. Em meio a pressões, André Costa pediu exoneração do cargo.

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