O ex-ministro Ciro Gomes falou pela primeira vez em uma entrevista sobre a ação do Ministério Publico Federal, que o acusa de improbidade administrativa quando era secretário de Saúde do Ceará. Em conversa com repórter da BBC, Ciro admitiu que criou uma cooperativa de socorristas e colocou o SAMU para funcionar em todo o Estado.

Ciro explicou que foi chamado pelo irmão governador, Cid Gomes, para assumir a pasta e resolver o problema de 20 UPAs construídas e dois mega hospitais regionais (Norte e Sertão Central) sem funcionar, além de 150 ambulâncias do Samu paradas.

“Ele (Cid) pediu pra eu colocar aquilo em ordem, porque o Ministério Público não deixava e os médicos estavam com medo. Eu fui lá e fiz. Tudo passou a funcionar do dia para a noite”, exaltou Ciro.

A gestão de Ciro Gomes na Saúde do Ceará

Ciro Gomes assumiu a Secretaria de Saúde em setembro de 2013, após a saída de Arruda Bastos. Em setembro de 2015 o Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação de improbidade administrativa contra os secretários de Saúde, Ciro Gomes e Carlile Lavor e outros cinco réus.

Segundo a denúncia, foram identificados atos de improbidade durante a instalação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região do Cariri.

A ação apontou que os serviços realizados pelo Samu Polo III foram contratados diretamente com a Cooperativa de Trabalho de Atendimento Pré-Hospitalar (Coaph), uma entidade privada com sede em Fortaleza.

Ainda de acordo com o MPF, foi constatado que, no ato da contratação da cooperativa, esta não possuía médicos capacitados para o serviço de Samu. As investigações apontaram que a empresa foi contratada com dispensa de licitação de forma irregular.

A legislação permite, em casos de urgência ou alta demanda, a participação de instituições privadas no Sistema Único de Saúde, desde que somente a título complementar, mediante contrato de direito público ou convênio.