General Theophilo quer “matar as facções criminosas por inanição” e abater criminosos

Ele acredita que mercado das drogas tem apoio de políticos, juízes e militares

General Guilherme Theophilo

05/12/18 8:34

O futuro secretário Nacional de Segurança Pública, general Guilherme Theophilo, concedeu entrevista na Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira (5). Entre suas declarações, disse que pretende “matar as facções criminosos por inanição, tirando delas a droga, que é o que as mantém em rotatividade.

Ele também afirmou que viu nos “municípios no interior do Ceará que quem domina é o traficante. O ídolo do município é o traficante”.

Theophilo ainda acredita que o mercado das drogas tem “envolvimento de gente grande, gente do colarinho branco”: políticos, juízes e militares, tanto das forças auxiliares como das Forças Armadas.

Em tempo

General Guilherme é cearense e foi candidato ao governo do Ceará nas Eleições 2018, ficando em segundo lugar.

Confira trechos da entrevista na Folha

Folha – O presidente eleito fez algum pedido ao senhor?

Guilherme Theophilo – Ele me ligou convidando [para o cargo]. Sou da mesma turma do Bolsonaro e fomos paraquedistas juntos. Temos a vida toda, até o momento que ele saiu do Exército, de companheirismo. Ele me perguntou se eu aceitaria e eu disse que aceitava. Eu quero que esse governo dê certo e vou colaborar com o presidente eleito, que é um amigo.

Já elencou qual será a prioridade na segurança pública?

Nós temos de ter um tripé na segurança pública que se baseia em inteligência integrada com países vizinhos, tecnologia de ponta e a melhora da fiscalização de fronteiras, portos e aeroportos, nos pontos de entrada e saída de nosso país.

O senhor já disse que é contra a intervenção federal. Sem ela, como combater a criminalidade no Rio de Janeiro?

Eu acho que reforçando a segurança pública com o melhor treinamento das forças policiais e investimento na tecnologia. A gente tem de matar as facções criminosas por inanição, tirando delas a droga, que é o que as mantém em rotatividade. E não é só pegar o traficante, é pegar o colarinho branco. Tenho certeza que, com o ministro Sergio Moro, vamos pegar o alto escalão que coordena, que são os grandes barões da droga.

O mercado das drogas tem envolvimento de políticos?

Eu acho que tem envolvimento de gente grande, gente do colarinho branco. Com certeza temos políticos, juízes e militares, tanto das forças auxiliares como das Forças Armadas. Então, a sociedade está contaminada. Nós temos de prender essas pessoas que dominam, que são os mais inteligentes. Nós temos de acabar com o traficante comandando de dentro dos presídios.

É favorável que os presos de alta periculosidade tenham suas conversas monitoradas, inclusive com seus advogados?

Com toda certeza, dentro do parlatório. Não tenho dúvida que isso é algo básico.

O colarinho branco envolvido na criminalidade pública será um dos focos do senhor?

Sim, eu vi municípios no interior do Ceará que quem domina é o traficante. O ídolo do município é o traficante. Porque ele defende que ninguém entre lá. Se roubam uma moto, ele descobre e faz justiça com as próprias mãos. E participaram da campanha eleitoral, elegendo políticos. Então, nós temos de pegar quem está usando o crime organizado para se eleger.

O governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, defendeu o abate de indivíduos portando armas pesadas. O senhor pensa como ele?

Depende da situação. O indivíduo está com arma pesada em que situação? E se ele, em um confronto, apontar a arma pesada?

Então, só comprovando que seja um criminoso?

Claro, comprovado que o indivíduo seja perigoso e que fará resistência à atividade policial.

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