“Na verdade, tudo isso são ilações, insinuações e suposições.” A declaração é do prefeito afastado de Quixadá, Ilário Marques (PT), durante entrevista exclusiva ao programa “Ceará News”, da Rede Plus de Rádio FM, na manhã desta terça-feira (21).  O gestor – afastado do cargo na semana passada por ordem judicial, sob suspeita de corrupção – falou  pela primeira vez à Imprensa sobre o fato e afirma que vem sendo vítima de perseguições do Ministério Público de Quixadá e de ameaças de morte e tentativa de extorsão por parte de um empresário ligado ao setor do lixo, autor das denúncias ao MP. “Foi feito um Procedimento Investigatório Criminal (PIC)  sigiloso,  a partir de um depoimento feito ao promotor de Quixadá, por parte desse pilantra empresário,  e em nenhum momento eu fui ouvido.” Marques acusa o empresário  Ernandes Teles de ter tentado extorqui-lo e, como não obteve êxito, fez denúncias falsas ao promotor de Justiça Marcelo Cochrane Santiago Sampaio, autor do pedido de afastamento do prefeito e seus secretários. Na semana passada, a Justiça determinou uma operação policial batizada de “Fiel da Balança”, quando policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão na Prefeitura, na casa do prefeito e de secretários municipais. Na mesma ordem judicial, Marques foi afastado do cargo e teve quebrados os sigilos bancários, fiscal e telefônico.  Afirma que, até amanhã, sua defesa apresentará um recurso judicial (agravo) junto ao Tribunal de Justiça do Estado para ele voltar ao cargo. Lixo em jogo O empresário citado pelo prefeito afastado é dono de um lixão localizado no Município de Senador Pompeu, que recebe os detritos recolhidos pela limpeza pública de Quixadá. No entanto, segundo Ilário Marques, o empresário teria tentado extorqui-lo e buscado, sem sucesso, aumentar o valor do contrato estabelecido na licitação. Tentou também  forçar o prefeito a transferir para ele o controle do recolhimento do lixo urbano de Quixadá, cuja licitação foi vencida por outra empresa. “Ele (Teles)  insinuou tudo isso. Eu não fui ouvido, nenhum secretário foi ouvido, do lado da empresa que ele acusa também ninguém foi ouvido, e tudo isso chegou sigilosamente às mãos do desembargador como uma linha de coerência de que havia fortes indícios da prática de  desvio de recursos públicos em Quixadá. Só se fala em suposições, e aí o desembargador (Francisco Lincoln Araújo e Silva), no meu ponto de vista, foi induzido a proceder com o meu afastamento para fazer a investigação. Me sinto perseguido pelo promotor de Justiça de Quixadá”. Ainda na entrevista, Ilário Marques nega que sua administração tenha envolvimento com facções criminosas ligadas à quadrilha dos “Pipocas”, bandidos comuns (assaltantes de banco e carro-forte) que teriam se infiltrado na política  de vários Municípios do Sertão Central. Ouça a entrevista completa do prefeito afastado