Facções criminosas do Ceará têm ligação com narcotráfico mexicano do cartel Jalisco

Matéria especial de oito páginas revela que o Estado sofre com a guerra entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE)

A Revista revela a face cruel da matança generalizada no estado do Ceará

02/02/18 11:05

A revista semanal Veja traz em sua edição desta sexta-feira (2) uma reportagem especial sobre o banho de sangue que toma conta das ruas e favelas de Fortaleza por conta da guerra entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE). “Terror no Ceará” foi o título escolhido para demonstrar como anda a criminalidade na Capital cearense e seus arredores.

A matéria cita também que o Ceará, atualmente, serve de entreposto para o escoamento da cocaína produzida nos países da América do Sul para a Europa, além da presença de chefões do narcotráfico em Fortaleza e a implicação com a matança diária na cidade.

Durante 20 dias, os repórteres  da Veja acompanharam o dia-a-dia da criminalidade em Fortaleza, registrando, inclusive, os casos de assassinatos em que as vítimas são dilaceradas, com episódios corriqueiros de esquartejamento e degola, além de corpos que aparecem carbonizados ou são queimados depois de tirados dos locais de velório. “As táticas do terror islâmico inspiram o mais sanguinário dos grupos (criminosos) cearenses, os Guardiões do Estado (GDE)”, assinala o texto produzido pelo repórter Pedro Paulo Rezende.

“Imagens de corpos decapitados e de suas vísceras arrancadas do tronco são divulgadas em vídeos pelo WhatsApp e pelo YouTube, como forma de intimidação. Enquanto isso, os muros dos bairros para onde a facção avança impõe-se disciplina rígida: se roubar nas áreas, morre”, relata a reportagem.  Em seguida, é descrita a chacina que deixou 14 mortos, na semana passada, em uma casa de shows intitulada “Forró do Gago”, na comunidade Barreirão, no bairro Cajazeiras.

Narcotráfico

A reportagem desvenda também uma faceta do crime que se instalou em Fortaleza, o corredor internacional do tráfico. Conforme a matéria, a cidade virou um entreposto do tráfico internacional de cocaína. A droga produzida em países sul-americanos (como Colômbia) vem para cá e é embarcada em direção a território africano.  “A escolha do Ceará como base preferencial dessas organizações tem uma explicação geográfica. Com dois portos (Mucuripe e Pecém) e maior proximidade com o continente africano, o estado virou um ponto de remessa de cocaína para Cabo Verde, para dali ser enviada a Europa”, explica a matéria.

E revela, ainda, que “no complexo penitenciário cearense há indícios de conexões com o tráfico mexicano”, informando que, em dezembro último, foi preso pela Polícia Federal na Região Metropolitana de Fortaleza (no Beach Park, em Aquiraz), o traficante José González Valência, um dos chefões do cartel de Jalisco Nova Geração, uma feroz organização de narcotráfico do México.

Secretário

Ouvido pela reportagem, o secretário da Segurança Pública, delegado federal André Costa, revelou que pretende  implantar uma “reprodução melhorada” das Unidades de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro, as UPPs. “Lá faltou ação conjunta do estado. Pretendemos coordenador esforços com as outras secretarias da prefeitura para suprir as necessidades de segurança da população”, disse André Costa à Veja.

Ainda de acordo com o secretário, no fim do ano passado, 730 homens e mulheres, aprovados como concurso para a Polícia Civil, foram convocados e estão sendo preparados para assumir os cargos de delegado, escrivão e inspetor.

No fim, a matéria volta a falar sobre as cenas de barbárie protagonizadas pelas facções criminosas em Fortaleza e remete aos casos em que até corpos são queimados em velórios. “No Ceará de hoje, até honrar os mortos pode ser perigoso”.

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