Secretários de Segurança do Nordeste questionam números do Anuário da Violência

O anuário é publicado com base em dados do Ministério da Justiça

06/09/17 11:58

O Conselho de Segurança Pública do Nordeste (Consene), órgão integrado pelos secretários da Segurança dos nove estados da região, decidiu “peitar” o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pela publicação do Anuário da Violência no Brasil. O presidente do Conselho, Maurício Teles Barbosa, secretário da Segurança da Bahia,  enviou um “pedido de explicações”, para saber que tipo de metodologia e qual a base de dados que o Fórum usa em suas pesquisas.

Barbosa diz que, “todos os anos somos bombardeados com pesquisas que colocam que colocam estados e cidades nordestinas como as mais violentas do país e do mundo. É uma inverdade que prejudica a nossa região em todos os sentidos”.

Em resposta, o Fórum informou que, “mesmo com a criação do Sistema Nacional de Informações da Segurança Pública, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública não logrou êxito em coordenar esforços metodológicos de classificação das ocorrências policiais e o referido sistema hoje não apresenta dados confiáveis”. Em outras palavras, se o Anuário da Violência usa dados do MJ para divulgar seus dados e, ao mesmo tempo, diz que esses dados não são “confiáveis”, a credibilidade da publicação cai por terra. Resumo da ópera: o Brasil não sabe verdadeiramente a quanto andam os índices de sua criminalidade. E no Ceará não é diferente. Os dados apresentados pela SSPDS passam longe da realidade da violência no estado.

CRIME QUE COMPENSA

O roubo de cargas no Brasil tornou-se um dos “negócios” mais rentáveis para as quadrilhas especializadas neste tipo de crime.  Segundo dados da Associação Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística (NTC&Logística), no ano passado foram registrados, nada menos, que 24.563 casos de roubos de cargas, totalizando um prejuízo de R$ 1,36 bilhões. Isso representa um aumento de 27,5 por cento em comparação a 2015. A região Nordeste aparece em segundo lugar no ranking do roubo de cargas no Brasil (1.371 ocorrências no ano passado), ficando atrás somente do Sudeste que sozinho, responde por 84,6 por cento do total de ocorrências do gênero.  As cargas mais visadas pelas quadrilhas são: alimentos, cigarros, combustíveis, eletrônicos, medicamentos, bebidas, têxteis e confecções, autopeças e produtos químicos.

POLÍCIA SEM DELEGADOS

A campanha pela convocação dos candidatos aprovados no concurso para delegado de Polícia Civil, realizado em 2014, começa a ganhar corpo nas redes sociais e nas ruas. Vídeos estão sendo postados explicando a necessidade urgente e imperativa da contratação desses profissionais para repor a combalida Polícia Civil do Ceará. A falta de investigação de crimes, principalmente em relação aos homicídios, muito se deve à falta de delegados para dar tramitação aos milhares de inquéritos que estão empilhados nas delegacias distritais, metropolitanas, especializadas, regionais e municipais. Além disso, há cerca  de 84 Municípios do Ceará com delegacias fechadas ou simplesmente sem delegacias, sendo atendidas apenas por unidades que apenas expedem Boletins de Ocorrência (B.O.).

PERIGO NAS LOTÉRICAS

Projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de Fortaleza, de autoria do vereador e policial civil (inspetor) Julierme Sena (PR), prevê que todas as agências lotéricas, correspondentes bancários e similares estabelecidos na Capital cearense contratem seguranças particulares. O objetivo é proteger os clientes e funcionários, além de proporcionar empregos para a classe dos vigilantes. De acordo com o projeto, os estabelecimentos devem possuir um vigilante para cada 500 pessoas atendidas, em média, a cada dia.  O fato é que, também nesta área, os cidadãos ficam totalmente desprotegidos enquanto aguardam nas filas o devido atendimento. Os assaltos são constantes em toda a cidade. Neste ano, um tiroteio na porta de uma lotérica, no Parque São José, no dia 11 de julho, terminou em quatro mortos. Em outro ataque a um carro-forte na porta de uma agência, um vigilante foi fuzilado.

FROTÃO FAZ BALANÇO

A violência armada no Ceará se reflete também nos números apresentados pela rede hospitalar de emergência que recebe os feridos dessa “guerra urbana” interminável. Balanço divulgado pelo Instituto Doutor José Frota no começo da semana, revela que, somente no primeiro semestre deste ano, o maior hospital de emergência do estado prestou atendimento a 1.222 pacientes lesionados por armas de fogo, bala. O hospital não disse quantos desses pacientes acabaram morrendo.  Além dos cidadãos comuns que são baleados em assaltos ou tentativas de roubos, há os repetidos casos de policiais civis e militares que também são atingidos pelas armas da bandidagem. Praticamente todos os dias PMs são feridos nas ruas. Bom lembrar que o “Frotão” recebe pacientes de todo o Ceará.

VALIM E OS BLOQUEADORES

Deputado federal Vitor Valim (PMDB-CE) voltou a ocupar a tribuna da Câmara, em  Brasília, para falar sobre Segurança Pública e violência. Desta vez, o apelo foi para que o Congresso Nacional toque o projeto de reforma do Código de Processo Penal Brasileiro (CPP), que é antigo e totalmente fora da atual realidade do País. Valim pediu também que o governo federal libere para os estados, verbas necessárias à instalação de bloqueadores de sinal de celular nos presídios brasileiros. “É impossível admitir que os bandidos, chefes de organizações, de milícias e quadrilhas, mesmo estando presos, continuem usando celular para continuarem ordenando crimes e controlando seus negócios do crime organizado”. Ele bem sabe que no Ceará, a “farra” de celulares nos presídios continua, apesar dos  esforços contínuos das autoridades em apreender os aparelhos que chegam às mãos dos criminosos.

CRIANÇADA SEM DESFILE

Várias escolas estabelecidas em bairros da periferia de Fortaleza e de sua Região Metropolitana decidiram não realizar, neste ano, os desfiles alusivos ao 7 de Setembro. Os diretor e professores temem pela vida de seus alunos, já que os tiroteios viraram parte da rotina de muitos bairros da Grande Fortaleza. Os pais dos alunos estão sendo comunicados dessa decisão através de avisos nas agendas da criançada.  Os alunos se sentem ameaçados e, ao mesmo tempo, frustrados por não poder desfilar.  Esse fato reflete o estado de insegurança nos bairros da cidade. Neste ano já foram registrados vários casos de crianças – e até bebês – atingidos por “balas perdidas” durante os confrontos entre gangues, quadrilhas e facções na Capital. O mais recente aconteceu na Zona Oeste. Um bebê de apenas 3 meses de vida foi o alvo.

O CÃO NA POLÍCIA

Policiais civis e militares do Ceará e de vários estados brasileiros, além de um participante estrangeiro, iniciaram nesta terça-feira (5), um curso de cinotecnia, a técnica do uso de cães em operações policiais. O evento acontece na Academia Estadual da Segurança Pública (Aesp), em Fortaleza, e vai contar com a participação também de representantes das Forças Armadas (Aeronáutica e Exército) e de um oficial da Polícia Nacional do Paraguai. As técnicas  de  adestramento, obediência, guarda e proteção serão repassadas aos 41 alunos por oficiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque). O coordenador do curso, capitão PM Luttiani Rodrigues, do BPChoque, diz que na PM, os cães atuam embarcados em viaturas e são empregados em operações como buscas em presídios e policiamento em estádios de futebol.

OPERAÇÃO “ACABA PANCADÃO”

Comando do Policiamento da Capital  (CPC) deflagrou uma sequência de operações nos fins de semana para combater o tráfico de drogas, prostituição de adolescentes, porte ilegal de armas e os abusos de som alto, além da venda de bebidas para menores em vários bairros da cidade. As operações vêm sendo comandadas pessoalmente pelo tenente-coronel PM Ricardo Moura, um oficial “linha dura” contra a bandidagem. Festas conhecidas como “pancadões”, e que reúnem bandidos de facções criminosas, estão na mira da Polícia Militar, principalmente em bairros periféricos como Barroso, Lagamar, Tasso Jereissati e Parque Dois Irmãos (Rosalina). Nas primeiras ações, foram apreendidas armas de fogo e drogas, além da captura de foragidos da Justiça.

E TEM MAIS!!!

* Polícia investiga o furto de uma imagem sacra na Catedral Metropolitana de Fortaleza. Algum larápio entrou ali e levou a imagem de Nossa Senhora Aparecida. No local não há câmeras. A Arquidiocese registrou um Boletim de Ocorrência e reza para recuperar a santa.

* Plano Municipal de Proteção Urbana, a ser executado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, deverá ser lançado em outubro em duas comunidades da Capital cearense. O projeto já está saindo do papel e será uma importante ferramenta para o combate à criminalidade da cidade.

* E os assaltos voltaram com toda a força no bairro Parquelândia. Na semana passada, um bandido solitário, mas bem armado, atacou um grupo de pessoas na calçada da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social. Na noite de terça-feira (5), o alvo foi uma pizzaria na Rua Azevedo Bolão.

* “Operação Dissimulare”, da Polícia Civil, já apreendeu cerca de R$ 2 milhões em dinheiro vivo e cheques e cerca de R$ 50 milhões no bloqueio de bens móveis e imóveis. Á acaçá a uma quadrilha de empresários que fraudavam o Fisco (sonegação fiscal) no ramo de tecidos e confecções na Capital.

* Policiais da Força Tática de Apoio (FTA), que passaram por um curso de reciclagem e nivelamento recente, irão ser deslocados para as áreas onde a “mancha criminal” estiver mais intensa, isto é, nos bairros onde a criminalidade está em alta. Trabalho de alto risco e que exige homens bem treinados.

* Bandidagem do Lagamar mandou recado no boca a boca e pichou muros. Quem passar por ali de carro tem que baixar os vidros e, se for à noite, ligar a luz interna dos veículos. Se estiver de moto, tirar o capacete e reduzir a velocidade, senão leva bala. É o crime impondo suas regras na cidade.

* E a pergunta do dia: Risco de  protestos no Desfile de 7 de Setembro na Beira-Mar??

 

 

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