Chefão do crime organizado no Ceará será julgado por meio virtual em março

"Mago" tinha vida de ostentação, morava na Beira-Mar, com carros blindados e escolta

Renan, o "Mago", está cumprindo pena no Presídio Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná

23/01/21 9:00

A Justiça marcou para o próximo dia 15 de março, o primeiro de uma série de julgamentos de um dos chefes do crime organizado no Ceará. Trata-se do estelionatário, homicida e líder de facção Renan Rodrigues Pereira, o “Mago”. O bandido está detido numa penitenciária federal de segurança máxima após ser capturado em Fortaleza em seu apartamento de luxo, na Beira-Mar. O criminoso levava uma vida de ostentação e para se deslocar nas ruas tinha carro blindado e escolta de homens fortemente armados em motocicletas.

Renan vai se julgado em uma sessão virtual, já que as autoridades da Segurança Pública do Ceará e a própria Justiça não têm interesse em trazê-lo de volta ao estado, diante da sua periculosidade e liderança no crime organizado. 

Renan será julgado como um dos envolvidos na morte de homem no bairro Jardim das Oliveiras, há quase 11 anos.  A vítima foi morta no lugar do irmão, que era traficante e disputava com Renan o território de venda de drogas no Lagamar, Cidade dos Funcionários, Conjunto Tancredo Neves e bairro Engenheiro Luciano Cavalcante, na zona leste de Fortaleza.

Foi na noite de 26 de abril de 2009 que o crime aconteceu, segundo apurou a Polícia. Renan e seus “seguranças” mataram, a tiros, um homem identificado como José Arialdo Patrício Barroso, que não tinha nenhum envolvimento com o crime. Os criminosos estavam, na verdade, à procura de um irmão dele. Como não encontraram o “alvo”, decidiram matar José Arialdo Patrício, que foi fuzilado em um bar.

Tráfico e prisões

Renan era um dos “homens fortes” do tráfico de drogas em Fortaleza. Uma de suas primeiras prisões aconteceu em 2013, quando ele foi capturado na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Estado (a 414Km de Fortaleza). Na época ele figurava na lista dos “Mais Procurados” da  Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).  Na ocasião, ele comandava o tráfico de droga nos bairros Tancredo Neves e Lagamar, onde mandou matar vários traficantes rivais.

Ao ser preso em Iguatu, numa operação de Inteligência da SSPDS, estava na companhia de dois de seus capangas, Francisco Roberto Ferreira de Freitas, o “Negão”; e Marcelo Ribeiro de Lima. No momento das prisões os bandidos estavam de posse de três carros de luxo importados, além de drogas e armas de fogo.

Após esta primeira prisão, Renan foi solto pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), mas acabou sendo capturado novamente, desta vez quando comandava a festa de seu aniversário em uma mansão no Município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Várias armas de fogo (entre elas, um fuzil), drogas, dinheiro e carros blindados foram apreendidos na ocasião. O cerco foi comandado pela Coordenadoria de Inteligência (Coin) e equipes do então Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque).

A terceira e última prisão aconteceu no apartamento de luxo do traficante, na Avenida Beira-Mar, cartão-postal de Fortaleza. Além de drogas, dinheiro e armas, havia no local também joias.

Eliminou o concorrente

Segundo a Polícia, “Mago” ascendeu ao tráfico rapidamente depois que, em 2012, mandou eliminar seu principal rival na área do Tancredo Neves e no Lagamar, o traficante José Everaldo Patrício Barroso, o “Tostão”, executado, a tiros de fuzil, na tarde de 22 de dezembro daquele ano, na BR-116, quilômetro 152, na localidade de Lagoinha, no Município de Russas. Segundo as investigações da Coin, desde então, Renan passou a circular com um forte esquema de segurança pessoal. Sempre que saía de um dos seus apartamentos, em carros de luxo, era seguido de moto e outros automóveis por seus  guardas-costas, em comboios. Alguns seriam policiais militares, segundo descobriram as autoridades de Inteligência, na época.

Ainda de acordo com a Polícia, “Tostão”, morto por ordem de “Mago”, era bastante conhecido das autoridades policiais e comparsa de Silas Ferreira de Aquino, preso pela equipe da Delegacia de Narcóticos (Denarc), em outubro de 2012, juntamente com Luciano Marques Bezerra e Antônio Emanuel Melo da Silva.

 Na época, a  Polícia trabalhou com a informação de que Silas sofreu um atentado em 2012, também por ordem de Renan, numa briga pelo domínio do tráfico de drogas entre os bairros Lagamar, Aerolândia, Tancredo Neves e Conjunto Tasso Jereissati.

Após sua última prisão no Ceará, Renan foi  transferido para o Presídio Federal de Segurança Máxima em Catanduvas, no Paraná (a 476Km de Curitiba).

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