Após 31 horas de sessão, terminou nas primeiras horas da madrugada desta quarta-feira (2) um dos julgamentos mais longos na história do Judiciário do estado do Ceará. O empresário gaúcho Marcelo Barberena foi condenado a 82 anos de prisão pelos assassinatos da esposa e da filha, em 2015. A defesa do réu, porém, prometeu entrar com recurso contra a sentença.

O julgamento teve início na manhã da última segunda-feira (30) no Plenário da Câmara dos Vereadores da cidade de Paracuru (a 100Km de Fortaleza), Foi naquela cidade litorânea da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que em abril de 2015, Marcelo assassinou, a tiros, a esposa, Adriana Moura Pessoa Carvalho Morais, que na época tinha 38 anos de idade; e a filha mais nova do casal, a pequena Jade Pessoa de Carvalho Morais, de apenas 8 meses de vida.

Após cinco anos de uma tramitação marcada por interposição de vários recursos da defesa e da acusação, Marcelo sentou no banco dos réus. Negou ter praticado o crime apesar de tê-lo confessado por quatro vezes na fase da apuração policial.  Alegou ter sofrido pressão psicológica na então Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa/DHPP (hoje, Departamento) para confessar o duplo homicídio. Três advogados contratados em São Paulo vieram ao Ceará com a missão de tentar absolver o réu. Não conseguiram.

O Conselho de Sentença da Comarca de Paracuru reconheceu a tese condenatória  apresentada pelo Ministério Público Estadual, representado pelos promotores de Justiça, Ana Gesteira e Luís Bezerra; e pela assistência da acusação, formada pelos advogados Leandro Vasques, Holanda Segundo e Laura Matos.  O réu foi condenado por duplo homicídio qualificado e teve prisão preventiva decretada logo após o anúncio do veredito. Do Plenário do Júri ele seguiu direto para um dos presídios da Grande Fortaleza. A defesa terá cinco dias de prazo processual para apresentar o recurso de apelação contra a sentença.

O crime

De acordo com o processo, em abril de 2015, Marcelo Barberena matou, a tiros, a esposa e a filha. O crime aconteceu na madrugada do dia 23 de agosto em uma casa de veraneio que o empresário havia alugado para passar o fim de semana com a família. Após uma discussão entre o casal, o empresário teria sacado um revólver de calibre 38 e assassinado Adriana e Jade, que dormiam em um quarto separado.

A Perícia Forense (Pefoce) comprovou que não houve arrombamento na residência, anulando tecnicamente a tese do réu de que a casa havia sido invadida por alguém que cometeu os assassinatos.